domingo, 19 de maio de 2013

Às cinco da tarde


Aos sorrisos da última ceia
paguei com a própria vida

Ossos ainda pulsam sobre a cama
espantando as crianças no berço

Choro e esperança se despem
Quase não ouço um ruído

Teria esquecido se assim me fosse dado
Se tantas lembranças não lavassem meu rosto
enquanto abro a facadas as cebolas do jantar

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pegadas no espanto


Por que trocaria inteira
a memória dos gozos
pela dor da saudade
----------- (ou outra que venha)?

Que espécie de espasmo
marcaria em meu corpo
o que não é
----------- se o que foi é eterno?

Passado o presente, o futuro ainda

Esse demônio em meu ventre
ama tanto que fere...
Fere longe e aqui

Fere tão fundo em mim
que acorda os anjos do abismo
num canto sem fim
de perdão e mistério

Ah, vida, a beleza é teu risco!

No meu circo o trapézio
balança sobre o chão cru

Entre o vôo e o salto
a lágrima e o riso são
meu porto, meu parto e meu sangue...

Pegado na praia
do espanto descalço
sob os nossos pés