barro cru
quinta-feira, 21 de julho de 2016
...
Se ao escravizar a beleza
entre vícios e fronteiras
estivéssemos acordados
pelo menos acordados...
A amplidão do escuro se despe das cores
para sonhar o vento em outros segredos
na beira dos dessaberes
uma plantação de beleza se chama manancial?
onde começa e quando termina a memória do salto?
quanto sangue se move para alcançar um voo?
desertos no corpo, tatuados em mapas, exalam asas?
quando cavaremos no solo o lugar mais alto?
e aquele grito, qual dia comerá animal que o caiba?
quarta-feira, 20 de julho de 2016
na beira dos dessaberes
uma plantação de beleza se chama manancial?
onde começa e quando termina a memória do salto?
quanto sangue se move para alcançar um voo?
desertos no corpo, tatuados em mapas, exalam asas?
quando cavaremos no solo o lugar mais alto?
e aquele grito, qual dia comerá animal que o caiba?
terça-feira, 19 de julho de 2016
Estranhamente crônica
Ando estranhando o mundo.
Estranhando os buracos na calçada,
o lixo jogado nos cantos,
as pessoas dormindo na rua por todos os lados.
A dor espalhada como um sebo pegajoso
entre corpos anestesiados!
Os argumentos políticos e estruturais,
os homens refletindo guerras,
bicho e gente sentindo fome,
nosso Brasil tão florestal, encimentando mais...
Ando estranhando situação e oposição.
Ando estranhando os muros,
as fronteiras que se firmam.
A tristeza das flores,
o desespero do rio,
esse domínio do medo.
As roupas impostas,
as vozes impostas,
as mortes impostas...
Tudo isso que vingou
há tantas encarnações.
Ando estranhando o mundo e percebo
essa estranha que acena
a confiar a estrada
à solidão de amar
sem pedir nada.
A mais estranha de todas as dádivas,
delicadamente dançada
ferozmente dançada
cruamente dançada
em toda encruzilhada.
À terra, ao mar, à natureza em nós
e aos milagres desse estranho mundo.
segunda-feira, 18 de julho de 2016
uma canção do osso da alma
nem sabia que o amor podia fazer tanto frio
até morrer duas vezes essa noite
e uma no meio da tarde
vou tecer durante o sono
para amanhecer pássaro
outra vez
caso eu suma
é da natureza das asas
(voar também faz calos)
domingo, 17 de julho de 2016
Sétima Lua
Hoje um vento terra
Me levou seus mares
O fogo avistou a alma
Antes de mim
Me perdi do avesso
Numa descoberta
Estrada de lua crescendo
E estrelas, águias
A pele antiga se desfazendo
Creio até que poderia ser eu
Mas amando mais
Em muitas direções
sexta-feira, 15 de julho de 2016
pássaro da lua nova em noite de lua cheia
foto de Tuca Soares
a escuridão também é da natureza dos seres
em rotação constante revelo avessos
como um pedaço do dia, nada mais
entre verdades vestidas de ossos
e tantos eus escravizando trocas
canso, escolho errâncias e ventos
sim, como você, tenho medo
um bicho de asas é vulnerável ao chão
não às incertezas do céu
sábado, 9 de julho de 2016
retrato natural de outros mares
(com uma reverência ao estado vida
e outra à Cecília Meireles)
sou qualquer coisa aqui
entre amor e nuvem
o que sou e o nada
entre ardor e espasmo
o cavalo e a flor
“
estrela e mar”
faz tempo há sombras ao redor
acima, abaixo e de todos os lados
e elas também dançam em louvor
daquilo que é mistério e nada mais
(voar também faz calos)
domingo, 3 de julho de 2016
sobre cavalos, pedras, flores e funerais
há nascimentos nas solas dos pés
nas mãos, no chão, em todo canto
onde o corpo dança e ancora
missão do agora:
fazer da merda adubo
da solidão encontro
da vida
campo
da semente
,
caminhada
cavar até que seja ventre o buraco
e doar às profundezas da estrada
isso que brilha
...............
disso que somos aqui
sábado, 2 de julho de 2016
passarinho
(
encontrei o meu primeiro poema escrito, com letra de infância que nem lembro quando era, talvez uns oito ou nove anos... talvez dez
)
quando era pequena
meu nome era Iracema
e conheci um anjo
era um anjo velho, bem lindo
em cima de mim fez um ninho
pra um passarinho viver
tomara que ele voe
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