segunda-feira, 2 de junho de 2008
3x4 em preto e luz
Suas mãos sementeiras
Cheiravam a sangue fecundado
Ali, de quatro, pari a primeira
A herdeira universal dessa cara e dessa cor
Vermelha, fedorenta, um verme de carne
Docemente embalado no fundo de uma água suja
Ali, despindo a tristeza, todo o meu desejo
De amanhã escorria entre os seus dedos
Estropiados de uma pureza alheia a tudo
Que nome poderia dar a filha do espasmo
À criança cravada em meu dentro
Empalhando a beleza de trevas e de loucura?
Vem, segue os meus pés, essa dança
Escura como o pó daquela criança
Esses riscos, esses rastros
De muitos gritos num ventre infantil
As cicatrizes são o mapa a mim permitido
Para achar a trilha de um outro paraíso
Que também nunca te pertenceu
Cicatriz não dói, só marca
E merthiolate arde, mas sara
Nem o merthiolate, nem a ferida
O bom mesmo da vida
--------------------------é o soprinho
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3 comentários:
Tua poesia é forte e bela, muito bela, às vezes triste e muitas vezes cheia de um humor bem refinado. Você é muito talentosa. Fiquei feliz em chegar aqui, encontrar você, espero poder encontrar um livro teu em breve.
Com admiração
Miguel
Muito bom teu blog.
Parabens vou voltar sempre
Maurizio
Impressionante, Silvinha! Lindo.
Beijão.
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