quinta-feira, 18 de agosto de 2016

bordadeira de instantes

(entre o uivo, a palavra e o desconhecimento das coisas)

foto-dor tirada por mim na missa do vaqueiro, um fragmento
do efeito das rédeas entre rezas e perdões...

creio que há algo escrito em meus ossos
povoando poros devassados ao mundo

viver dói, isso é inegável
sendo junto esse grande milagre

por enquanto, que eu saiba honrar todos os corpos
os meus, os que me tocam, os que atravessam
os que me dançam... ereção, louvação, contradição

na minha fala, no meu riso, no meu grito
no silêncio, nos meus passos, na oração...
que eu saiba honrar todos os corpos na passagem

e que eu saiba matar e morrer
com a honra de um bicho

e o brilho nos olhos
de um ser selvagem

Um comentário:

Magna Santos disse...

Não consigo pensar noutra imagem que não aquela pro teu poema (e que foto tão dolorosa, meu Deus!). Esse ser animal ainda que vive em nós há um dia de habitar com mais leveza ante a precariedade da vida. Sim, viver dói...ainda.
Beijo