(lembrando Maiakovski, para servir de carta)
Conheci o punhal antes do falo
O silêncio antes do grito
Sangrei todos os partos ao avesso
Enfiaram-me o fim e o começo
quando o tempo era ainda criança
Calma!
A dor não me cabe fora do verso
De resto, sou dança
A cor do meu fado é vermelho
Vermelho-sangue
Não gostas?
Preferes o azul?
O rio eu também sou
------------------Passo
Confunde-te esse azul?
O riso que não se esconde?
Já não tem medo da tristeza
O meu amor é bruto
Vem da natureza
Nasceu antes do fruto
E vingou
Muito antes da minha morte
Eu sei, não me pareço
------------a tua menina
Aquela da fotografia
Mas é que no retrato
Todo riso é eterno
E o punhal não aparece na foto
Enterrado no corpo
Onde dói o passado
É só na gente mesmo
E no espelho
Que viu primeiro a ferida aberta
No instante não-futuro
Do presente ainda quero tudo
O masculino e o feminino
O carnal e o absurdo
O falo e o útero
A cicatriz
O sangue
O verso
O parto
O amor
O grito
O riso
A dor
Só joguei fora o punhal
Não preciso dele nessa luta
Já tenho o meu fado vermelho
Para dançar essa cor
-----------------------filha da puta
No corpo, só me lambe o gozo
Ces´t la vie
Ser feliz?
Me cresceu infantilmente a arte de transfundir
E brincando fiz
---------------maior do que a morte
------------------------------o sorriso da cicatriz
Um comentário:
Nossa, você escreve muito bem.
Estou linkando seu blog ao meu.
Vá lá conhecer os devaneios que escrevo.
As vezes digo coisa com coisa, as vezes digo nada com nada.
Sempre vale a pena conhecer, e se arriscar nos blogs linkados.
Você precisa rodar o mundo e se fazer conhecida, seu escritos são de uma beleza extraordinária.
apareça!
http://pensamentosefotos.blogspot.com
Postar um comentário