quarta-feira, 16 de abril de 2008

O pão de Íris


Manhã de pássaros
Amanhã cozido
Amanhecido

Dentada banguela
Seios sugados
Enternecidos

Mulher da vida
Amolecida
Na boca do tempo

Noites de fetos
Nunca nascidos

Dias de homens
Que não voltaram
Com o pão quentinho
Para o amor e o café

Mas Íris, cravada de fé
Íris sangrou liberdade
Dançou a dureza
Na ponta do pé

Grávida de pureza
Em todas as veias
Amassa nas mãos
A hóstia das ceias

------------------------Faminta

É mãe pelo sêmen do vento
Vive a gargalhar, é contente

Caminha mascando céu e infinito
Nas pegadas do próprio ventre


E voa

Um comentário:

Josias de Paula Jr. disse...

Sílvia, dizer o quê? Ensaiei comentários argutos, que não fossem banais. Mas há os limites da linguagem (ou os meus próprios) e só posso dizer: mais um belo poema! E só.