Joelhos rezados sobre o chão
Terra batida, vermelho, barro
Sol escaldante secando a escuridão
Seus pés de estrada em passos surdos
A respiração se ia inimiga do vento
O peito úmido, emudecido e só
Sedento de amor meu coração tremia
Como se todo aquele sangue fosse seu
E era, ao lado, a minha fotografia
Doce e altaneira a velha senhora
Cavalgando em nossa dor sorria
Na boca que ontem era boca ainda
Em frente seguia em seu corpo fecundo
E o meu homem ali, largado
Estatística em cascas de árvores mortas
Não, não haverá enterro nem foto nos jornais
O seu corpo foi vítima da decomposição do mundo
Um comentário:
Sílvia, é pena que não nos conheçamos. Mas te digo uma coisa: não elogio teus poemas à toa! São muito bons. Este é tocante, pela força da imagem, pela sonoridade e pelo tom de (quase) confessional da levada. Bonito mesmo!
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