Um encontro com Van Gogh debaixo do umbuzeiro
Os meus olhos
Começam no peito
Isso dói na cegueira
De seguir vivendo
A dádiva de ver
É o que me salva
E também o que me mata mais
Toda vez que olho o sol
Como se ele me acendesse
E isso é antigo como uma criança
Agradeço todos os dias
Meus seis graus de miopia peitoral
Como um fumante tranqüilo agradece
O cinza que leva por dentro
Respiro com o coração
Amo por todos os poros
Sem a miopia não molharia o espelho
Como o oleiro cria o barro em suas mãos
Nem suportaria olhar o sol
Até dividir o vermelho
---------------------e dormir
E cobrir tudo de tinta
A noite é o sol mirando um outro corpo
As estrelas, ora sonho, ora gozo
Ora saudade do ingênuo pesadelo
Será que Van Gogh sofria de asma também
Ou era só xantopsia?
O bicho-papão nunca vem
Mas a Bicha Bruzacã habitou meu quarto
Em carne e osso nas janelas do Sertão
Quem já viu a cor da dor
Em suas vestes amarelas
Faz da vida a sua arte
Nebuliza desertos
Cicatriza geografias
Se alimenta do azul
No mesmo pote em que morre de sede
A natureza sertaneja não se farta de nada
Mas tem olhos mais bonitos que o sol em pessoa
Quando crava em terra seca a esperança da chuva
E a lua daqui é imensa nessa luta. Linda!
Como o peito da criança asmática
Tá tudo bem pequenina
Os girassóis também são tristes
“La tristesse durera toujours”
(Vincent Van Gogh)
Os meus olhos
Começam no peito
Isso dói na cegueira
De seguir vivendo
A dádiva de ver
É o que me salva
E também o que me mata mais
Toda vez que olho o sol
Como se ele me acendesse
E isso é antigo como uma criança
Agradeço todos os dias
Meus seis graus de miopia peitoral
Como um fumante tranqüilo agradece
O cinza que leva por dentro
Respiro com o coração
Amo por todos os poros
Sem a miopia não molharia o espelho
Como o oleiro cria o barro em suas mãos
Nem suportaria olhar o sol
Até dividir o vermelho
---------------------e dormir
E cobrir tudo de tinta
A noite é o sol mirando um outro corpo
As estrelas, ora sonho, ora gozo
Ora saudade do ingênuo pesadelo
Será que Van Gogh sofria de asma também
Ou era só xantopsia?
O bicho-papão nunca vem
Mas a Bicha Bruzacã habitou meu quarto
Em carne e osso nas janelas do Sertão
Quem já viu a cor da dor
Em suas vestes amarelas
Faz da vida a sua arte
Nebuliza desertos
Cicatriza geografias
Se alimenta do azul
No mesmo pote em que morre de sede
A natureza sertaneja não se farta de nada
Mas tem olhos mais bonitos que o sol em pessoa
Quando crava em terra seca a esperança da chuva
E a lua daqui é imensa nessa luta. Linda!
Como o peito da criança asmática
Tá tudo bem pequenina
Os girassóis também são tristes
“La tristesse durera toujours”
(Vincent Van Gogh)
Um comentário:
és uma artista.
o seu poema inteiro formou um jarro, algo parecido com um jarro oriental, árabe, servindo de base aos girassóis. é mais do que um poema. parabéns!
Erik,direto de Angola
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