quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sede

E costurando asas nos calcanhares
Sangrei tanta vida aos meus pés
Que vou me esquecendo de todo feio

E quando um dia cair de muito alto
Que alguém ouça o segredo em meu epitáfio:
“Aqui jaz um poço que verteu o mais fundo que pôde”

E que a minha lápide seja uma pedra ainda viva
Por eu ter a sorte de cair para sempre no mais longe do mar
Onde mora toda a água que não tive

E por enquanto, de tanto me alimentar de ventos
Que ao menos aprenda a chover debaixo da terra
Para matar a sede das flores

2 comentários:

Mandrey disse...

a foto em si já é uma poesia iconográfica!

sobre o texto, não tenho a capacidade de comentar.

;)

Milena disse...

Absurdo, menina!