quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Com açúcar, com afeto


Uma vez no meio do caminho
Um fruto bêbado apodreceu aqui

Do ninho entre os galhos fez cair
sob os cabelos uma semente virgem

O mel dos filhos da árvore doída
Escorre em pedaços de hálito e esterco
Quando grito e quando mostro a língua
Num fértil mundo grávido de vertigem

A chuva lambia da terra o renascer
A semente foi regada sem querer
E as raízes da árvore nascida
Misturadas ao mapa deste favo

Mexendo bem o sangue aprendi
A embelezar o oposto ao acaso
A fazer doce de fruto quase podre

Não, não cozinho só para mim
Dou de comer a muitos homens
E nos olhos do outro sinto enfim
O cheiro bom do meu próprio gosto

Um comentário:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.