para Juan Gelman
Enquanto meus mortos se perdiam em terras
Entristecidas aos pés de tantas sombras
As pedras no pátio cantavam as flores brancas
A pele tão jovem nem sabia do suor e do silêncio
Guardados nos gritos da casa ao lado, sempre tão perto
Um dia nas sobras do mesmo teto
Brotou a sinceridade do jasmim
Todos os segredos naqueles corpos
Exalando meus próprios sonhos
Na rouquidão dos nossos cheiros
Foi tudo o que vi das armas e dos nomes
Que escondi sob os versos nas retinas
Todas as vozes cravadas na mudez da menina
Repetindo rimas sem rosto, hermanas varizes
Enquanto lhe acendiam na carne a eternidade das cicatrizes
E quando a noite se foi, o jasmineiro também ainda estava lá
Um comentário:
Belo poema, reunindo num só corpo a poesia, a graça, a leveza e o aroma adocicado da poeta que o criou. WBL
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