sábado, 13 de junho de 2009

Triste

(número 1)
Mario Benedetti
tradução de Silvia Góes

peço desculpas ao meu querido Benedetti e a quem mais o destino atrair até aqui, fiz a tradução sabendo que ela levaria para sempre algo de mim contigo, peço desculpas, mas não sei sentir de outro jeito.

Pela memória vagamos descalços
seguimos o vulto da chuva
até a tristeza, nosso destino inato

A tristeza, casa dos desastres da alma
Ou seja, o melhorzinho de nós mesmos
digamos esperanças, sacrifícios, amores

A tristeza, não há quem a devasse
é transparente como um raio de lua
fiel a determinadas alegrias

Nascemos tristes e morremos tristes
mas no intervalo amamos corpos
cuja triste beleza é um milagre

Vamos descalços em peregrinação
triste tristeza cheia de graça
tua saliva doce nos acolhe

O vulto da chuva nos conduz
até o inato destino que sempre foi
tristeza enamorada e clandestina

E aí, rodeada de teus frágeis dogmas
de tuas lágrimas secas / de tua era de sonhos
nos abraças como o ventre do prazer

2 comentários:

Magna Santos disse...

Lindo demais. Desculpe não dizer muita coisa, mas tudo já está tão 'bem dito'...!
Beijos.
Magna

Mayara Kutcher disse...

Simplesmente perfeitoooo.... como já disseram palavras demais seriam desnecessárias pois já está tudo "muito bem dito"....

Beijoooo

Mayara