enquanto
guerras por toda parte desaparecem crianças sem vestígios
as
cicatrizes gritam não porque sentem raiva, mas porque sentem muito
gritam
desesperadamente, se contorcem, agonizam
não
há nada a falar de bom sobre isso, me recolho, me abismo, saúdo
cheia
de milagres nas águas dos olhos a vastidão de um mar que mais sangro
do
que vejo, me espasmo, agarganto, cantando como quem morre e ainda assim
insiste
na vida honrando a força das nascentes e transbordando de fé no amor
do
que se carece cuidar, é preciso que se cuide
o
ódio é o ópio da raiva e a jaula da paz
as
crianças, as nascentes e o amor
não
precisam das guerras
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