sábado, 3 de dezembro de 2016

diário crônico de esperanças

enquanto guerras por toda parte desaparecem crianças sem vestígios
as cicatrizes gritam não porque sentem raiva, mas porque sentem muito
gritam desesperadamente, se contorcem, agonizam

não há nada a falar de bom sobre isso, me recolho, me abismo, saúdo
cheia de milagres nas águas dos olhos a vastidão de um mar que mais sangro
do que vejo, me espasmo, agarganto, cantando como quem morre e ainda assim
insiste na vida honrando a força das nascentes e transbordando de fé no amor

do que se carece cuidar, é preciso que se cuide
o ódio é o ópio da raiva e a jaula da paz

as crianças, as nascentes e o amor
não precisam das guerras

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