quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

sobre a violência delicada das flores

haveria de amar
um tempo mais fértil
se fosse outro bicho?

haveria de amar
se fosse outro bicho?

há reflexos de água
sobre o caderno agora
há luz sobre as palavras

em todos os meus poros
sombras bordadas em mapas
antigos como a fé de uma criança

vim ao mundo
num lugar frio
e repleto de flores

haveria de não amar
se fosse outro bicho?

anunciando um tempo
multiplicado de cores

iluminando os medos
que já não são meus

fecundando primaveras
que talvez nem venham

dessa lida não pretendo voltar
mas se assim me for dado

que eu volte amando
as flores do inverno outra vez

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