terça-feira, 25 de setembro de 2007

As vozes dos meninos jardineiros


Hoje mais uma vez eles chegaram voando
Debaixo da mesma chuva infernal
Barreiras caídas na terra encruada

Nada avisaram dizendo que vinham
Nem som, nem bandeira cravada, nem sinal
Tudo foi tão calmo como um canto mudo

E de repente brotou foi música no feio do mundo
E era um alvoroço que só vendo, e eu no meio
Girando tontinha cheia de nós batendo no peito

Uma plantação de beleza se chama manancial?
Onde começa e quando termina a memória do salto?
Quanto sangue se move para alcançar esse vôo?

Desertos no corpo, tatuados em mapas, exalam asas?
Quando cavaremos no solo o lugar mais alto?
E aquele grito, qual dia comerá animal que o caiba?

Nunca se tece o tempo na própria carne
Que chegada e partida são feridas irmãs
--------------------------------Só doem juntas.

O que é a existência afinal?

Oxe! Hora de dar um trago...
*
*
*
*
*
A delicadeza de um sonho
cujo único sentido

------------------------é a vida

Vamos, para seguir, resta a lida
Às seis e oito nascer bicho que regue
Essa dança vai até o início da noite

Às dezoito lamber esterco e gozar adubo
Às vinte e três aguar todo chão que seque
Durante a madrugada emprenhar belezas

Toda terra é querência, é mãe por natureza
E apesar da dor do parto, tudo é semente
E bem livre para ser mais belamente, sempre
Brindemos então e sujemos as mãos. Já!
Não se planta ventos nos pés sem sangrar mesmo

2 comentários:

Milena disse...

Que chegada e partida são feridas irmãs---------------------------------------Só doem juntas

Caramba, Silvinha! Já sou fã total...

Beijos!!!

Anônimo disse...

também sou teu fã! me chama na hora que tu tiver inspirada pra compor uma poesia dessas... Fico caladinho e só faço notar minha presença na hora de dar um trago.

beijos, querida vizinha que nunca atende minhas chamadas. ;)