sexta-feira, 14 de setembro de 2007

A mesma canção escrita por duas décadas de saudades

Para Carlos Drummond de Andrade

Do meu primeiro amor
não ressuscitei impune
Nove dias antes do aniversário
Ele me deixou seu mundo e nunca mais morreu
Saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou
e “do maço
------------------_ vazio _ de cigarros, ficou um pouco”

Pouco mudou dos tempos que foram

Quando entre os brinquedos e o futuro
Ríamos e chorávamos juntos
“O amor não tem importância”
Disse-me certa vez um poeta

Por quem me apaixonei no berço

Pouco mudou dos tempos de antes
O canto nunca mais foi cego
E o espasmo
(longo demais para ser feliz)
Ainda incendeia as carnes

Tudo dói e todavia ouço suspiros mais altos
Do que os gritos que sempre me assombram
Sim, a minha boca verte cheiro de mato
Embebedo homens na rua
Amo dançar nua ainda e te traí umas vezes

As estrelas continuam marcadas na inocência do céu
Como cicatrizes, de verão a inverno, tirando uma ou outra
Pouco mudou dos tempos em nós. Tudo dói, mesmo as alegrias
Se o amor não mais queimasse, eu bem que desnascia e acho que era feliz
Ah! Aquela menina a quem ensinaste libertar o sonho poeta
Não costumou brincar de tempo, só de poesia

Ah, será que lembrarias do José?
Envelheceu também

Mas continua na mesma esquina
Naquela antiga encruzilhada
E do primeiro amor, do José, dos gritos, da gente

Ficou de tudo um pouco

--------entre os ratos e elegias das minhas alegrias

3 comentários:

P. disse...

Viva!!!
Viva o amor
Viva a poesia...

Amo, beijos

Mack disse...

Tão feliz estou agora de passear pelo seu mundo, minha amiga. Se a saudade não pode ser abrandada pessoalmente, ao menos venho te visitar aqui. Te ler já é estar por perto!

Ah, e o meu canto é esse aí, o feitadefe, quando quiser, é só aparecer.

Beijos, minha linda!

Anônimo disse...

meninha, tu é um poço de sensibilidade! eu penso que entendi alguma coisas dos teus poemas... mas sou um mamute encurralado na caverna, admirando uma pintura rupestre.

beijão!

PS: quando algum vizinho conhecido não oferecer flores mas te telefonar, isso é impulse! mhuahaha