Tenho lágrimas quentes, medos que dissolveram muitos aços
Tenho olhos que dizem mais do que multidões, mesmo fechados
Tenho dedos feitos de delicadécio, elemento ainda não desenhado
--------------------------------------------------------na tabela periódica
Tenho uma dor feita de mundo, dilacerando o profundo nas janelas
Míopes e afiadas, escorrendo garfos de prata em minha garganta seca
Tenho quase tudo além da inocência que logo me matará de novo
Ontem ganhei mais dois dias de vida e fui à feira procurar multidões
De corações... Não para amar, para triturar com os dentes
refazê-los no ventre e saciar a eternidade
Voltei para casa sem nada, sem olhos, sem dedos, sem lágrimas
Todo o delicadécio entranhado nas mãos não salvou um homem
---------------------------------------------------------------nem a mim
E ontem ganhei mais dois dias de vida
No corpo inteiro para gastar entre nós
Do aço nas lágrimas quentes
permaneço amolando as facas
Hoje não suporto talhos, arranhões, nem tiros de raspão
Só quero aquilo que rasga, lacera, atravessa
Arrotei! É que acabo de comer dois corações
um deles era o meu... e por enquanto me acalmo
2 comentários:
Gostei muito de ter encontrado você aqui. Muito!
"Só quero aquilo que rasga, lacera, atravessa"...
porque é isso que quero ser
Não quero só passar de raspão...
É tudo que eu quero e um pouquinho de delicadécio também...
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