quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Instinto


Tenho lágrimas quentes, medos que dissolveram muitos aços
Tenho olhos que dizem mais do que multidões, mesmo fechados
Tenho dedos feitos de delicadécio, elemento ainda não desenhado
--------------------------------------------------------na tabela periódica

Tenho uma dor feita de mundo, dilacerando o profundo nas janelas
Míopes e afiadas, escorrendo garfos de prata em minha garganta seca
Tenho quase tudo além da inocência que logo me matará de novo

Ontem ganhei mais dois dias de vida e fui à feira procurar multidões
De corações... Não para amar, para triturar com os dentes

refazê-los no ventre e saciar a eternidade

Voltei para casa sem nada, sem olhos, sem dedos, sem lágrimas

Todo o delicadécio entranhado nas mãos não salvou um homem
---------------------------------------------------------------nem a mim


E ontem ganhei mais dois dias de vida
No corpo inteiro para gastar entre nós

Do aço nas lágrimas quentes

permaneço amolando as facas

Hoje não suporto talhos, arranhões, nem tiros de raspão
Só quero aquilo que rasga, lacera, atravessa

Arrotei! É que acabo de comer dois corações

um deles era o meu... e por enquanto me acalmo

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito de ter encontrado você aqui. Muito!

P. disse...

"Só quero aquilo que rasga, lacera, atravessa"...
porque é isso que quero ser
Não quero só passar de raspão...

É tudo que eu quero e um pouquinho de delicadécio também...