quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Rotação
Bicho faminto inventando risos
Tragando dores que se alimentam
Das suas próprias vísceras. Que nojo!
Vomitando luzes à cegueira do dia
Bicho mentiroso mostrando os dentes
Escondendo os podres nos lábios úmidos
A cópula vital da beleza que não tenho
Com o grito demente que silencio
Idiota! Pobre poesia!
Por favor, não me julgue por isso
[é a minha última chance de amanhecer hoje
Acendi tantas luas em meu ventre cheio
De crescências e nadas que pari dois sóis
De cócoras na boca da noite
Para dar de presente aos homens
Só depois da orgia, em meio ao espasmo
O corpo estripado, as carnes pelo chão
Vi os gêmeos devorados em meu avesso
E sem voz confessei ao espelho: “Fui eu”
Amputei escuros na dor do parto
E lambuzei o cadáver inteiro
Numa hemorragia de estrelas
Pintei as unhas de auroras
Enfeitei os cabelos de arrebol
Feri todos os desesperos de azuis
-------------------------------E saí por aí
Ainda feia
Mas vestida de pétalas
Para inocentar ao menos
Os espinhos que não são meus
Assinar:
Postar comentários (Atom)
8 comentários:
caralho!!!!!!!
Isso tá lindo, Silvinha.
Beijos,
Milena
Silvia, esse peoma é bem denso.Clarice gostaria muito dele...
O outro sobre o Recife , os rios , pra mim foi um dos três melhores que você já escreveu,pelo menos dos que eu vi.João gostaria muito dele...
Bonito mesmo!
Menina, onde é que tu compra pão? Qual é a água que tu bebe? tomara que seja da lojinha debaixo do teu prédio... Sua profundidade é tão profunda que só posso ficar assim mesmo, com um comentário superficial.
beijos, querida vizinha.
belíssimo. obrigado por ter parido esse poema, viu?
É a fraca.
João Valadares
A dualidadedo do sentimento raro que devora as vísceras da alma,que corroe e sangra em pétalas a dor da desgraça dilacerada!
valei-me. Cheguei aqui agora, ainda bem que nunca é tarde. Sempre aurora!
beijos
boletes
Postar um comentário