segunda-feira, 2 de junho de 2008

3x4 em preto e luz


Suas mãos sementeiras
Cheiravam a sangue fecundado
Ali, de quatro, pari a primeira

A herdeira universal dessa cara e dessa cor
Vermelha, fedorenta, um verme de carne
Docemente embalado no fundo de uma água suja

Ali, despindo a tristeza, todo o meu desejo
De amanhã escorria entre os seus dedos
Estropiados de uma pureza alheia a tudo

Que nome poderia dar a filha do espasmo
À criança cravada em meu dentro
Empalhando a beleza de trevas e de loucura?

Vem, segue os meus pés, essa dança
Escura como o pó daquela criança

Esses riscos, esses rastros
De muitos gritos num ventre infantil

As cicatrizes são o mapa a mim permitido
Para achar a trilha de um outro paraíso
Que também nunca te pertenceu

Cicatriz não dói, só marca
E merthiolate arde, mas sara

Nem o merthiolate, nem a ferida
O bom mesmo da vida
--------------------------é o soprinho