quarta-feira, 26 de agosto de 2015

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(21/05/15)

silêncio, silêncio!
dizem a chuva e o vento
as lonjuras e o mar
e as abelhas

a boca lambuzada de mel
silêncio, silêncio, silêncio!

terça-feira, 18 de agosto de 2015

feita de presente

(para Sama em 29/03/09)

hoje, teu riso trêmulo
aquele de mãos dadas
à criança devorada
na fome antepassada do teu sangue

jogou-se em meus braços
e morri contigo, rindo
infantilmente firme de amor...
nunca fui tão eterna como hoje

agora tuas mãos espelham meus lábios
teus pais se recolheram ao leito
minha boca se espalha em teus dedos

imensa, sem dentes
para que a eternidade não se apavore
por hoje termos nascido juntos

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

tempero de assombros

sinto o gosto do sal
o corpo na rua
desfronteira do encontro

vida,
estranha ferida
aberta entre ventos

tu mesma o moinho
devaneio e acaso

seria triste
não fosse a beleza em riste
a cada cicatriz que planto
a cada cicatriz que abraço

morte,
hoje feri desesperos de azuis
só para tocar teu rosto
com a língua