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Verão
O gozo do espelho
É brincar de sentir
A cor do vento
Outono
Na lambida da chuva
O útero do sol
Fecunda o arco-íris
Inverno
No lugar mais profundo
A vida é um sopro
Misturado ao azul
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Saudade banhada de sol
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Entre tantas fomes e tantos medos
que seja mais tenra a colheita no arrebol
Pele em êxtase pelo sangue
roubando sem cessar a secura do nunca
nos olhos acesos de tantos cantos, de tanto sol
A colheita rara entre os nossos dentes
arregaça na cara, de frente
o sonho de ontem
Sementes cravadas se tocam
nas carícias vividas
apenas em tuas mãos
Amanhã vou ao mercado bem cedo
Darei tudo que tenho por um regador
até que teu corpo seja rio e raízes
E eu, um estuário somente
Sem âncoras nem quilhas, nada que fira
a face desse mar que nos abre seus braços
Entre tantas fomes e tantos medos
que seja mais tenra a colheita no arrebol
Pele em êxtase pelo sangue
roubando sem cessar a secura do nunca
nos olhos acesos de tantos cantos, de tanto sol
A colheita rara entre os nossos dentes
arregaça na cara, de frente
o sonho de ontem
Sementes cravadas se tocam
nas carícias vividas
apenas em tuas mãos
Amanhã vou ao mercado bem cedo
Darei tudo que tenho por um regador
até que teu corpo seja rio e raízes
E eu, um estuário somente
Sem âncoras nem quilhas, nada que fira
a face desse mar que nos abre seus braços
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Batom cor de vida
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Antes do apelo
Foi-se o tempo
Já sem fôlego
Para o verso
A sombra
Ou o grito
O filho perdido
No silêncio do mar
O umbigo da flor
Apertado nas mãos
Lá também
Só escurece de noite
Em suas vestes de sol
O coração anoitece
E ela acende o mundo
No arrebol de um aborto
É uma bela mulher
Não resta a menor dúvida
Antes do apelo
Foi-se o tempo
Já sem fôlego
Para o verso
A sombra
Ou o grito
O filho perdido
No silêncio do mar
O umbigo da flor
Apertado nas mãos
Lá também
Só escurece de noite
Em suas vestes de sol
O coração anoitece
E ela acende o mundo
No arrebol de um aborto
É uma bela mulher
Não resta a menor dúvida
domingo, 9 de outubro de 2011
Passo
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Às vezes passo horas a observar essa parte de mim que ama tanto...
E quando me canso, definitivamente, a outra, do nada, está em paz.
Às vezes passo horas a observar essa parte de mim que ama tanto...
E quando me canso, definitivamente, a outra, do nada, está em paz.
sábado, 3 de setembro de 2011
Uma solidão
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Ecoavam nos ventos do inverno
Balanço de cordas entre galhos secos
Os risos distantes dos meninos da rua
Voz preferida de qualquer infância
Na paz, silêncio do tempo,
Brincando o universo por dentro
Um corpo sob a alma jaz
Asmático e feliz
Pequeno como os outros
Dias fresta, outros janela
Dias palavras, maçãs, cores, sequelas,
Outros deuses, xamãs, poetas e vários bichos...
Quanta doçura cabe nas flores mortas?
Ecoavam nos ventos do inverno
Balanço de cordas entre galhos secos
Os risos distantes dos meninos da rua
Voz preferida de qualquer infância
Na paz, silêncio do tempo,
Brincando o universo por dentro
Um corpo sob a alma jaz
Asmático e feliz
Pequeno como os outros
Dias fresta, outros janela
Dias palavras, maçãs, cores, sequelas,
Outros deuses, xamãs, poetas e vários bichos...
Quanta doçura cabe nas flores mortas?
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
verbos e coisas para dar
quando Deus esculpiu o nosso primeiro modelo em barro
que palavra deve ter gritado?
quando o homem esculpiu a sua primeira palavra feita de mundo...
ganhamos o destino de cantar juntos.
a gente se escreve um no outro
o tempo todo
pelo olhar, pelo cheiro, pelo tato...
nem sempre rima
mas sempre vale a pena...
escrever, dar, esquecer, repartir, receber, apagar, escrever de novo...
virar do avesso cada letra
derramar a música do espelho
espremer-se em poesia
às vezes dói
mas tudo dói...
...mesmo as alegrias
terça-feira, 19 de abril de 2011
Amor, substantivo próprio
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Perdi a ternura faz três dias hoje
Os homens ao lado não entenderam o riso
Fiquei quieta e plantei onze gritos
Para arrancar com as mãos do retrato
O espelho fosco erguido em teu nome
Saí com o circo para despistar as luzes
Aprendi a voar e engomar meus vestidos
Só para andar nua, às gargalhadas
Sem rosto, sem pele, sem nada
A não ser flores e esperanças
E essa crença na dureza do amor
Meu único senhor, minha única casa
Perdi a ternura faz três dias hoje
Os homens ao lado não entenderam o riso
Fiquei quieta e plantei onze gritos
Para arrancar com as mãos do retrato
O espelho fosco erguido em teu nome
Saí com o circo para despistar as luzes
Aprendi a voar e engomar meus vestidos
Só para andar nua, às gargalhadas
Sem rosto, sem pele, sem nada
A não ser flores e esperanças
E essa crença na dureza do amor
Meu único senhor, minha única casa
terça-feira, 5 de abril de 2011
Bichos do mato
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Era o mesmo homem
Não sentia sede nem fome
Era o mesmo alimento
Azul a cor do seu nome
Devorado a cada tormento
Era a mesma crença
As belezas que sempre estão
Os feios que não se calam
Na alma sem diferença
Os olhos dos que se dão
Espelhos dos que não falam
Era a mesma insanidade
Na delicadeza a saciedade
Nas mãos toda a eternidade
De amar tudo a cada hoje
Por não respirar amanhãs
Era o mesmo homem
Não sentia sede nem fome
Era o mesmo alimento
Azul a cor do seu nome
Devorado a cada tormento
Era a mesma crença
As belezas que sempre estão
Os feios que não se calam
Na alma sem diferença
Os olhos dos que se dão
Espelhos dos que não falam
Era a mesma insanidade
Na delicadeza a saciedade
Nas mãos toda a eternidade
De amar tudo a cada hoje
Por não respirar amanhãs
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