quarta-feira, 2 de julho de 2008
Ecos de Lilith
I
O Rei é mais que o claro esconderijo
Da costela roubada no adeus primevo
É meu Amante e meu Filho e o Pai dessa voz
Desse espírito, desses cravos e desses versos
Espinhos e Beijos. Corações. Réus dos pregos
Pedras do meu calvário, mais ferido pela cruz
Sarcófago dolorido onde Jesus abriu os braços
Para sempre condenados à dormência do abraço
Tirem Ele de lá!
II
Façanha de outros ventos
As chagas nos meus pulsos
Queimam fé e sofrimento
São lágrimas de incensos
Que eu mesma acendi
Longe dos crucifixos
Levo a boca, a saliva
Os pés e o gozo de Jesus
Não o peso dessa cruz
Perfume e céu
Fumaça pura
Ar, fogo e éter
Tranqüilamente
Pregos cravados, corpo intenso
Não há perfuração naquela alma
Eu vi
III
Uma filha castigada
Por nascer para voar
Anjo, Ícaro ou satanás?
Somente barro cru
Sementes de auroras
Terra, inocência e asas
Mão direita à velha música
Da índia sol-menina
Não menino homem
Sol, semente, mãe
Do fogo, do mundo e da solidão
IV
Por sorte o vi rezar no exílio
E fui redimida do Paraíso
Por isso danço e canto, giro
Dou o viço aos meus amigos
E este corpo aos meus iguais
E isso é o universo
Verto luz dos cravos nas mãos
Asas negras cobertas de pus
Culpa do nosso Pai, perdoai!
Ele não sabia
Uma carícia às penas
E verterás a vida
V
Condenei-me a amar apenas
E converti Deus
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Um comentário:
A sua poesia é forte e bela.
Marcos
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