capturada
já adulta
presa
numa gaiola
meu Deus, que desespero...
ferir a própria asa no agito
amputada de voar...
a minha avó cuidou da asa com zelo
diz que canta bonito
não tive coragem de libertar
é o novo mimo dela, viúva há tanto
mais de noventa caminhando
lúcida como poucos
a
mesma que tentou matar
quase
agora um cassaco
a
pauladas no quintal
jorrou água pela casa...
e
uma poça de sangue
“era
tão bonitinho!”
ela
disso isso e no olhar
a
maior doçura do universo
era
toda amor, acertou na cabeça
e
o bicho fugiu
foi ela quem me contou
a
história da avó Fulni-ô
“pega
a dente de cachorro”
no
meio do mato...
a
natureza e suas constelações
cheias
de espelhos ancestrais
na
pureza furta-cor
de
um pássaro preso
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