barro cru

quarta-feira, 29 de junho de 2016

porque hoje vi uma infância sorrir

para encontrar sorrisos sobre escombros

não pode haver crianças entre os mortos

Postado por Silvia Góes às 22:07

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barro cru

obra em barro cru e foto de Silvia Góes

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Quem sou eu

Silvia Góes: ah, beleza tormento e dádiva! / quem dera não fosse a cegueira quilha / quem dera não fosse o mundo porto / quem dera não fossem os homens nada / aqui estou entre eles, um deles / aqui tropecei a andar sem sequer saber viver / Adan ao espelho não é avE / jamais voará como Lilith / e eu que dela nasci / estremeço, ãçam de amar / por deus, ajudem-me a quebrar os cacos / quero anos de azar enquanto dormem os bons, os falsos / libertar o avesso é o verbo alumiado / esse espaço negro onde tudo cabe / esperando, esperando seu jorro / que monstro habita essa casa escura / esse breu que noite passada sussurrou o seu nome / e essas asas cansadas / proteção aos meus pés descalços / feridos por todo chão / e esse povo. e o meu povo! / morri ontem junto com muitos, hoje ressuscito / ofereço sem medo tudo o que tenho em sacrifício / possuidora apenas de mim, me divido em tudo o que me invade / me dôo em cada esquina, em toda parte / quem dera possuísse o sopro dos incêndios / quem dera soubesse quenderar na vida / quem dera não fosse feita de barro cru... transbordando silêncios... / voar também faz calos...

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