Ando
estranhando o mundo.
Estranhando
os buracos na calçada,
o
lixo jogado nos cantos,
as
pessoas dormindo na rua por todos os lados.
A
dor espalhada como um sebo pegajoso
entre
corpos anestesiados!
Os
argumentos políticos e estruturais,
os
homens refletindo guerras,
bicho
e gente sentindo fome,
nosso
Brasil tão florestal, encimentando mais...
Ando
estranhando situação e oposição.
Ando
estranhando os muros,
as
fronteiras que se firmam.
A tristeza das flores,
o
desespero do rio,
esse
domínio do medo.
As
roupas impostas,
as
vozes impostas,
as
mortes impostas...
Tudo
isso que vingou
há
tantas encarnações.
Ando
estranhando o mundo e percebo
essa
estranha que acena
a
confiar a estrada
à
solidão de amar
sem
pedir nada.
A
mais estranha de todas as dádivas,
delicadamente
dançada
ferozmente
dançada
cruamente
dançada
em
toda encruzilhada.
À
terra, ao mar, à natureza em nós
e
aos milagres desse estranho mundo.
Um comentário:
Ai daquele que não estranha, Silvinha. Torna-se um ser de cera, descompassado...um zumbi a perambular com olhos vidrados.
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