segundo
dia de lua nova em outubro
I
às
cinco da tarde
os
trincos enferrujaram
as
trancas perderam os dentes
o
vento sentiu em seu rumo
alguém
se desfechando e sorriu
passando,
como sempre
II
um
menear de cabeça
un
cante más jondo
um
rodopiar delirante
tudo
no mundo envelhece
anoitece,
dança, tropeça, cai...
os
trincos e as trancas também
a
vida de todos os seres
transitórios
que somos
não
passa de um milagre
III
às
cinco da tarde
caiu
um milagre
em
meu colo
as
unhas e os cabelos
se
parecem com os meus
sem
espelhos nem vestes
abro
os braços imensos
na
soleira da passagem
e olhando
o sol de frente
não peço nada
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